Existe vida na telefonia fixa?
Enviado em 29.08.2018

Existe vida na telefonia fixa?

Com toda a evolução tecnológica que ocorreu nas últimas duas décadas no setor de telecomunicações, o mercado de telecom mundial se pergunta continuamente: até quando, ou, melhor, ainda vale a pena investir em telefonia?

Com toda a evolução tecnológica que ocorreu nas últimas duas décadas no setor de telecomunicações, o mercado de telecom mundial se pergunta continuamente: até quando, ou, melhor, ainda vale a pena investir em telefonia?

No cenário mundial, os números demonstram uma retração nos números de acessos fixo instalados – na Europa, em países como Inglaterra, Alemanha e Itália, o mercado de telefonia fixa sofre uma queda a pouco mais de uma década. Já no Brasil, os números divulgados mensalmente pela ANATEL demonstram que, nos dois últimos anos, ocorreu um encolhimento no número de acessos instalados.

Baseado nestas informações, podemos falar que esta não seria uma boa área de investimento para os operadores de telecomunicações de médio e pequeno porte. Mas, na verdade, ao analisarmos as informações com uma perspectiva mais refinada, verificamos que desde o advento da Portabilidade Numérica, houve uma retração na planta das operadoras com permissão de concessão e, com isto, um crescimento das autorizadas. Em dados divulgados em Abril/18, as autorizadas já possuíam 42,4% do Market Share. Não podemos esquecer também que o país passa por uma crise econômica em que milhares de empresas tiveram suas atividades encerradas e somos mais de 12 milhões de desempregados, fato esse que impacta também na redução de acesso fixo instalados.

Como consultor no mercado de telecomunicações há alguns anos, tenho encontrado algumas informações importantes, as quais quero compartilhar com vocês:

  • Facilidade de Soluções: com a chegada da tecnologia NGN – New Generation Network, houve uma evolução na telefonia fixa, baseada no protocolo SIP. Isto acabou gerando a possibilidade de empresas desenvolvedoras de solução Softswitch Class 5 em terras brasileiras, tanto que hoje temos próximo de uma dezena de empresas com soluções maduras funcionando em operações de pequeno médio porte, disponibilizando os módulos de Portabilidade Numérica, Tarifação, DETRAF e, claro, todo o processo de controle e registros dos clientes. Já na área Softswitch Class 4, usado no roteamento das chamadas entre as operadoras, não é diferente – já encontramos soluções nacionais disponíveis no mercado.

  • Redução Custo do DETRAF: com uma resolução da Anatel, que entrou em vigor em 2014, a agência tabelou uma redução no custo dos minutos que são utilizados na planta de outra operadora. Estes valores foram pré-fixados até o ano de 2019, em que, por exemplo, o minuto de uma chamada terminada em uma operadora de celular (SMP), cai de R$0,22 (2014) para R$0,02 (2019), fazendo com que o mercado fique muito mais atrativo para entrada de operadoras fixas.

  • Crescimento planta FTTx: atualmente é difícil encontrar um provedor regional que não iniciou a construção de uma rede FTTx para migração da sua planta de acesso rádios (2.4 e 5.8). Muitos destes realizaram investimentos muito altos, mas com um ROI (Retorno do Investimento) de 18 meses ou até mais.

Em pesquisas que venho realizando em diversos provedores de todas as regiões, faço sempre a seguinte pergunta para os proprietários e gestores dos provedores: De cada 10 novos possíveis clientes que você prospecta para adicionar a sua rede, quantos acabam não concretizando por sua empresa não ofertar Telefonia Fixa?

Tenho encontrado números que considero alarmantes de aproximadamente 4 clientes, quando falamos de uma carteira mista entre clientes Residenciais e Corporativos. Já quando olhamos somente para os Corporativos, os valores são de quase 7 clientes que desistem do serviço de internet, pela empresa não oferecer Telefonia Fixa.

Baseado nestas informações, entendemos que mesmo com toda a retração do mercado de telefonia fixa no país, ainda temos um cenário de sobre vida dessa tecnologia. Não sou adepto de fazer previsões futuras, mas podemos estimar que, no mínimo, temos um cenário favorável para uma década de exploração do STFC em terras brasileiras.

Willian Prenzler de Souza –  é Consultor e Professor da VLSM e diretor da Moga Infraestrutura em Telecomunicações. Atua no mercado de telecomunicações desde 1990, por mais de 25 anos em operadora de telecomunicações, com experiência em Redes STFC, SMP e SCM.

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