Gestão e Técnica de Mãos Dadas
Enviado em 11.07.2018

Gestão e Técnica de Mãos Dadas

A gestão de qualquer empresa, setor, departamento ou projeto demanda a observação de muitos aspectos.

A gestão de qualquer empresa, setor, departamento ou projeto demanda a observação de muitos aspectos, desde suprimentos internos da corporação, como o cafezinho, até os resultados finais, passando pelo RH, Financeiro, Contabilidade e a Área Técnica, por exemplo.

O gestor tem uma vida complicada, não é simples assumir este papel, seja em que segmento for, com metas a serem atingidas, equipes a serem lideradas, manter o projeto no prazo e dentro do custo previsto, dentre outros.

Os imprevistos também fazem parte da vida árdua do gestor, o qual precisa ser hábil o suficiente para não permitir que alguns desvios inesperados transformem o seu projeto (ou área) deficitários, trazendo prejuízos à empresa. Os desafios continuam para todos que estão à frente, seja no setor público ou privado. É claro que cada esfera possui o seu próprio ritmo, uns mais lentos outros mais ágeis, uns menos, outros mais burocratizados, mas uma coisa é certa: ninguém deseja maus resultados! Desta forma, toda gestão precisa de apoio técnico específico em cada área da empresa, e os resultados deverão vir da visão onde “Eu, gestor, devo liderar, orientar e não abraçar o mundo e resolver tudo sozinho”. Pasmem, mas ainda temos posturas como esta!

Olhando para o nosso mundo, o das fibras ópticas, vamos supor uma situação para análise. Uma parada no Data Center da empresa deverá acontecer para fazer a inclusão de equipamentos, logo um projeto para esta atividade deve ser solicitado à área responsável. Sendo assim, um projeto é elaborado com Termo de Abertura de Projeto, reunião de Kick-off, cronograma, mapeamento de Riscos, matriz de Responsabilidade, matriz de Comunicação, Stakeholders, etc e etc. Cada detalhe da metodologia de Gestão de Projetos adotada pela empresa é considerado, o Gerente de Projetos envolvido com os técnicos e responsáveis dão o ritmo do trabalho. E, é assim que deve ser. Uma gestão deve ser atenta e verificar todos as minúcias para que o projeto obtenha o sucesso desejado.

No caso particular sugerido, além de toda parte lógica dos equipamentos, há de se observar uma série de questões de infraestrutura física e de conexões em geral. Podemos citar algumas aqui:

  • Os equipamentos serão instalados em racks separados?
  • Os racks possuem espaço suficiente para instalação dos equipamentos?
  • Qual a distância entre os racks?
  • Existe infraestrutura disponível para a passagem de cabos entre racks?
  • Existe ponto de energia ou circuitos elétricos disponíveis?
  • A carga a ser acrescentada influencia na carga instalada do quadro elétrico, logo na capacidade do no-break?
  • Será preciso instalar um novo distribuidor óptico?
  • Qual o tipo de fibra a ser utilizada? Monomodo ou multimodo? Se multimodo, qual tipo: OM2, OM3, OM4?
  • E diversas outras perguntas podem ser feitas.

Este é o ponto em que Gestão e Técnica se misturam. Todos os procedimentos criados e esclarecidos na Metodologia de Gestão são aplicados e a Área Técnica, cumprindo o seu papel com os seus check-lists e etc, procuram ser detalhistas para atingir o resultado esperado. Somos treinados para evitar erros, para sermos assertivos e intolerantes aos equívocos, entretanto somos humanos e falhas acontecem.

Apesar de todo o esforço realizado durante dias, envolvendo várias pessoas, com elaboração de planos e relatórios, aquisição de equipamentos e acessórios, programação de trabalho em horário alternativo para várias pessoas, ainda podemos ser vítimas de alguns deslizes como os que seguem:

  • Não foi previsto nas matrizes de Comunicação e Responsabilidade o envolvimento de um Técnico de Segurança do Trabalho, com isso a Segurança do Trabalho não permitiu a execução da atividade e toda a mobilização foi suspensa e o projeto suspenso trazendo stress interno, ou;
  • Não foi considerado no levantamento de Riscos que o Data Center, o qual possuía seus problemas, não poderia ficar mais do que uma hora com energia de contingência porque o sistema de refrigeração do ambiente não era contingenciado, portanto o sobreaquecimento dos equipamentos provocou vários desligamentos indevidos de servidores de extrema importância, gerando queimas de placas de milhares de reais e a paralisação de partes vitais da rede, ou;
  • Uma das diretorias não era favorável à atividade naquela data por questões particulares da sua área, mas foi vencido em votação pela maioria no Conselho Diretor da empresa. Como o resultado foi negativo, gerou-se uma crise na Alta Gestão culminando no desligamento de algumas pessoas da empresa, ou;
  • O técnico sênior responsável para configuração dos novos equipamentos foi acometido, repentinamente, por um problema grave de saúde e não pôde comparecer ao compromisso agendado e não havia outro profissional capacitado para absorver tal atividade, sendo abortada a missão, ou;
  • Após todas as configurações estabelecidas, hora de ligar os equipamentos com os seus cordões ópticos. Ligações feitas, porém a troca de dados está muito abaixo do esperado. Horas de testes com OTDR e Power Meter até detectar que o polimento dos conectores era incompatível com o polimento das fontes ópticas das fontes dos equipamentos, ou;
  • A mesma situação acima, porém a conexão entre conectores diferentes é impossível, ou;
  • O comprimento dos cordões ópticos foi insuficiente para a interligação esperada, ou;
  • Os cordões deveriam ser monomodo e entregaram multimodo e ninguém percebeu…

Bem, existem várias possibilidades de “ous”, e embora estes fatos tenham sido expostos de forma bastante isolada entre si, representam vivências reais particulares passadas ao longo de mais de 20 anos.

O recado que deixo é que devemos, sim, ser cautelosos e minuciosos em nossas atividades, sejam elas quais forem, não importa. O importante é criarmos as melhores condições para que, tanto a Gestão, quanto a Técnica tenham condições de fazer o seu melhor juntos, pois uma depende, necessariamente, da outra para que o objetivo final seja alcançado da melhor forma possível.

 

Reinaldo Vignoli – É engenheiro Eletricista, formado pela PUC/MG, possui MBA em Gerenciamento de Projetos, especialista em Projetos de Infraestrutura Física de Redes e Professor Universitário. Atuando como consultor e projetista, ministra treinamentos técnicos e é colaborador da norma de cabeamento ABNT NBR 14565:2013, além de produtor de conteúdo sobre cabeamento em mídias sociais. Site: www.rvconsultoria.com.br

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