Gestor Camaleão
Enviado em 25.04.2018

Gestor Camaleão

O que o camaleão traz de aprendizado para os executivos de provedores regionais.

O camaleão é um réptil da família de lagartos que existe há 100 (cem) milhões de anos. O significado se resume em “leão da terra”, e ele é conhecido pela habilidade de trocar de cor, sua língua rápida e alongada, pelos seus olhos que se movem independente um do outro, pela sua visão 360 (trezentos e sessenta) graus e por fim pela sua cauda preênsil, ou seja, capaz de se agarrar em alguma coisa.

Pois bem, quando analisamos as competências de um camaleão, observamos que ele se diferencia dos demais répteis, e que possui singularidade em suas aptidões. E é assim que devemos nos comportar como executivos de um ou mais negócios. Ter flexibilidade, mudar rapidamente, conhecer profundamente o negócio e o mercado, ou seja, os stakeholders, possuir uma liderança situacional, e fundamentalmente uma alta capacidade de nos comunicar com os vários entes inerentes ao nosso negócio.

A partir de agora vamos nos aprofundar em cada uma destas questões abordadas acima, para entender como um indivíduo em posição de liderança deve se portar, quais os resultados que se espera dele e as habilidades necessárias a ser desenvolvidas para que a sua gestão seja com base no exemplo.

Quando olhamos a capacidade do camaleão de mudar de cor, isso se dá por dois motivos principais. Primeiro usa para se camuflar, tanto para se defender como presa, como para atacar e garantir sua sobrevivência. O segundo motivo é para atrair as fêmeas. Pois bem, exatamente isso que devemos fazer em nossa liderança. Ter a capacidade de tratar com diversos atores no nosso negócio, como por exemplo, colaboradores, fornecedores, clientes, parceiros, entre outros. Observe cada vez mais a sua postura, pois 80 (oitenta) por cento da nossa comunicação é não verbal. Ou seja, a forma como nos comportamos para nos comunicar tem maior peso do que o que de fato falamos verbalmente.

Além do que, não podemos em hipóteses alguma ter o mesmo padrão de conduta e de fala com todos os atores. Temos que ter a capacidade de ser camaleão e mudar a forma de nos comunicar com base em, com quem estamos falando, qual o assunto vamos tratar, e qual o resultado quero atingir. Afinal de contas o entendimento do que se fala, não depende do que você falou, e sim o que o outro indivíduo entendeu. Por isso para alguns perfis de pessoas é importante a pergunta: “o que você entendeu com base no que eu falei?”. Saber ouvir é também uma grande virtude.

Importante observar como a dissociação é importante para nos preparar para tratar de diversos assuntos durante um dia de trabalho, com diversas pessoas diferentes, e relevância distinta para cada resultado que se espera em cada tratativa. Não deve deixar com que um determinado assunto influencie no seu comportamento em outro.

Outra habilidade importante de um grande líder é a capacidade de enxergar 360 (trezentos e sessenta) graus e com os olhos independentes. Literalmente um olho no gato outro no tigre. Esta estratégia é fundamental para que tenhamos o maior número de informações, que geram conhecimento, do ambiente em que se está inserido, para subsidiar nossas decisões. Esta visão é como uma bússola que norteia as ações e permite que cada empresa seja uma peça em um grande mosaico integrado.

Esta análise do ambiente, fundamental para que a empresa perpetue, nada mais é do que concorrentes, clientes, fornecedores, tendências, políticas, governos, entre outros, que encaixam no grande mosaico integrado. Existem pelo menos 9 (nove) áreas fundamentais que os gestores devem estar com o radar ligado 24 (vinte e quatro) horas por dia e 7 (sete) dias por semana. Pessoas, finanças, política, jurídica, ambiental e social, técnica, comunicação, saúde e segurança. No entanto ordene-as das mais relevantes para as menos relevantes.

O mercado é um ambiente selvagem guiado não apenas pela racionalidade, mas também pela política e pelos instintos selvagens dos seres humanos. Por isso alguns passos em falso podem representar a morte da sua empresa. É preciso então conhecimento e planejamento para caminhar neste ambiente turbulento ao mesmo tempo que se mantém uma posição ética.

Por fim vamos tratar de um assunto já bastante disseminado, mas que deve ser lembrado com frequência. O famoso ditado “o óbvio tem que ser dito”. Liderança Situacional. Existem pelo menos 4 (quatro) níveis de comportamentos situacionais que um líder deve ter. E ainda, ter a plena consciência e expectativa do que cada colaborador dentro de sua empresa pode te entregar de resultado. Isso se deve por dois fatores principais. Grau de necessidade de apoio e grau de necessidade de direção aos seus liderados. Desta maneira vamos dividir o desenvolvimento do profissional da sua empresa em quatro níveis. Onde o nível 1 (um) representa iniciante, em que o profissional é novo na tarefa e não está preparado e nem quer tomar decisões. Não tem competência para realizar a tarefa. E o nível 4 (quatro) representa preparado. Tem vasto conhecimento sobre as tarefas e estão altamente motivados para fazer o que lhe é solicitado.

O profissional iniciante dentro da organização, precisa de um alto grau de direção e um baixo grau de apoio. Já o profissional de nível 2 precisa de alto grau de apoio e alto grau de direção. Pois ele já desenvolveu alguma experiência na execução da tarefa, mas ainda tem dificuldades. Por isso precisa ser treinado. Geralmente estão motivados, mas necessitam de apoio. O profissional de nível 3 precisa de um alto grau de apoio e baixo grau de direção. Ele já possui elevados conhecimentos e experiência sobre a tarefa, mas sente-se desmotivado para efetuar o que o líder lhe solicita. E por fim o profissional preparado que necessita de baixo grau de direção e baixo grau de apoio. E então o líder passa ter o dever de lhe delegar tarefas com plena confiança que a tarefa será muito bem executada e dentro do prazo. No entanto, como grande parte dos nossos colaboradores são da geração y, ou a geração da internet, que compreende os indivíduos nascidos entre 1980 e início de 1990. Estes profissionais têm muita pressa e são movidos principalmente por desafios. Então se ele chegou no nível 4 (quatro) nas tarefas são de sua responsabilidade, entregue desafios a este profissional, porque senão a tendência é perde-lo para o mercado.

Pois bem, hoje tratamos de assuntos relevantes para a sua liderança, mas também que são chaves para você formar novos líderes. Afinal de contas são com pessoas bem preparadas e motivadas que nossa empresa caminha em direção a sua visão de futuro com sustentabilidade. Influencie as pessoas dando o exemplo. Mas afinal, você é um gestor camaleão? Se ainda não é, se prepare para ser, pois a transformação e mudanças no nosso mercado não podem ser mais rápidas do que você. Pense nisso!

 

Asshaias Felipe, engenheiro eletricista, formado pela Universidade Norte do Paraná, pós-graduado em Telecomunicações pela Universidade Estadual de Londrina e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. É diretor executivo da Solintel e Moga Telecom, sócio fundador do projeto TelCont e atua no mercado de telecomunicações e gestão empresarial há 10 anos.

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