Garantindo um bom canal de comunicação óptica
Enviado em 11.04.2018

Garantindo um bom canal de comunicação óptica

Para que sejam transmitidos todos os tipos de informações as quais se desejam, um bom canal óptico é imprescindível. Para que isso seja possível, é necessário estar atento à vários fatores inerentes ao mundo das fibras ópticas.

Para que sejam transmitidos todos os tipos de informações as quais se desejam, um bom canal óptico é imprescindível. Para que isso seja possível, é necessário estar atento à vários fatores inerentes ao mundo das fibras ópticas. Precisamos entender que não basta escolher um cabo óptico qualquer sem se analisar previamente o caminho físico que ele irá percorrer, assim como, em que circunstâncias ele será instalado. Exemplificando: um cabo que interligará o ponto “A” ao ponto “B” tem, em seu percurso, a maior parte de seu percurso instalação em postes. Desta forma, é preciso averiguar se o cabo será espinado ou autossustentado, ou se será as duas situações simultâneas. Neste caminho, haverá momentos em que o cabo deverá ser instalado subterrâneo e, neste caso, deve-se avaliar se o local sob a terra estará passível a alagamentos parciais temporários ou frequentes, ou ainda, alagamentos integrais. Tais situações e dentre outras condições possíveis precisam ser mapeadas na hora do projeto.

Também durante o projeto, deve-se observar outros detalhes tão importantes quanto a rota que o cabo percorrerá. Podemos citar o tipo de fonte de luz, a qual será responsável por enviar os sinais ópticos através do núcleo da fibra. A fonte deverá ser compatível com o cabo escolhido e com a distância que este sinal deverá viajar, ou seja, a potência luminosa deverá ser adequada para sair de “A” e chegar a “B” de forma íntegra ou minimamente regenerável, seja “B” o destino final ou um ponto de regeneração deste pulso luminoso no meio do caminho.

A fonte luminosa é extremamente importante para garantir um sinal de qualidade no canal, mas não será o suficiente se o cabo não for instalado adequadamente. Isso significa que, além do cabo (ou cabos) correto, usar um cabo em longos vãos sem ser um cabo autossustentado, por exemplo, ou não ficar atento aos raios mínimos de curvatura de cada tipo de cabo, o resultado final pode ser desastroso não apenas tecnicamente, mas vai pesar no bolso.

E os conectores ópticos e seus polimentos? Em quantas instalações não vemos tal descasamento? Como garantir uma boa conexão óptica de um conector APC (com 8° de ângulo no polimento) com um PC ou SPC? O nível de perda nas conexões onde há conectores com polimentos diferentes entre si é considerável, e existem instaladores que ainda pecam nesse ponto, por incrível que pareça.

Observe como o conector APC (FIG. 1) possui um ângulo na face do ferrolho,

enquanto o SPC (FIG. 2) é praticamente plano (embora não o seja).

Da mesma maneira, a taxa de transmissão oferecida e o uso compartilhado do canal devem ser devidamente analisados para que não haja lentidão na comunicação, consequentemente, mal atendimento aos clientes.

Em canais ópticos, além das questões físicas e mecânicas apontadas, existem alguns parâmetros que devem ser analisados para considera-los aptos sob o ponto de vista de desempenho conforme previsto em normas como: ABNT, ISO/IEC, ANSI/TIA. Para se verificar os parâmetros comprimento, atenuação e perda por retorno devem ser utilizados alguns equipamentos bastante específicos, para tal, são eles: OTDR (Optical Time Domain Reflectometer), Medidor de Potência Óptica (Power Meter) e o OCWR (Optical Continuous Wave Reflectometer).

O OTDR é um equipamento que gera pulsos luminosos de curta duração enviando-os pelo núcleo da fibra e medindo os sinais ópticos que retornam a ele em função do tempo. Os pulsos, ao se propagarem pelo núcleo, encontram obstáculos pelo caminho como emendas, acoplamentos, curvas excessivas, falhas na fibra, e parte desta luz retorna ao equipamento. Esta fração que retorna é analisada fundamentada pela teoria de reflectometria no domínio do tempo.

O Power Meter verifica a perda óptica em decibéis num canal, e esta perda deverá estar de acordo com os limites previstos e tabelados pelas Normas. Os testes são realizados de acordo com o tipo de fibra (mono ou multimodo), janelas de comprimento de ondas (850, 1300/1310 e 1550 nm), usando os cordões de testes adequados e acopladores ópticos compatíveis com as terminações ópticas em uso no enlace sob teste.

Já o OCWR é um equipamento para teste de perda de retorno óptico, o qual possui uma fonte de luz que emite um feixe de onda contínua de teste, cuja luz, ao ser refletida de volta à fonte, é direcionada ao Power Meter através de um acoplador bi-direcional. Este teste é importante e permite uma análise da taxa de erros de bits (BER, Bit Error Rate) do sistema, e ainda dá condições de analisar a relação sinal-ruído (SNR, Signal to Noise Ratio).

Os parâmetros básicos a serem avaliados são: atenuação, perda por retorno, comprimento e o balanço de perda de potência óptica.

A Atenuação é a perda de potência do sinal ao longo da sua propagação no núcleo de uma fibra óptica, é dada em dB/km.

A Perda por Retorno é a quantidade de potência óptica que retorna à fonte em relação à potência total incidida na transmissão. Este retorno de potência está relacionado com a má qualidade dos conectores, polimento ruim da face dos ferrolhos dos conectores, impurezas no núcleo da fibra, emendas mecânicas ou por fusão e até mesmo da própria teoria de propagação de sinais ópticos. A luz que retorna à fonte representa uma perda e, em função da potência luminosa, podem degradar ou provocar problemas permanentes ao equipamento.

O Comprimento é um parâmetro muito importante e deve ser considerado para os cálculos de perdas de potência óptica.

O Balanço de Perda de Potência Óptica ou Cálculo de Atenuação de Potência Óptica apresenta a previsão de perda por inserção do enlace como um todo. O projetista antecipa ao instalador a expectativa de perda máxima para aquele determinado ramo do circuito.

Não podemos deixar de comentar sobre a Largura de Banda Modal, dada em MHz.km ou MHz/km, também conhecida por Dispersão Modal, utilizada nos cálculos que envolvem apenas as fibras multimodo.

Para maiores detalhes a respeito destes parâmetros, acessem “Fibras Ópticas – Um mundo fascinante (continuação III – Final) no site www.ispblog.com.br https://www.ispblog.com.br/2017/09/22/fibras-opticas-um-mundo-fascinante-continuacao-iii-final/ onde apresento maiores detalhes e exemplos de cálculos.

Tudo o que foi citado nos parágrafos anteriores tem relação direta com o tópico “Qualidade de Serviço” que você vai prestar. Não temos como separar ou isolar cada situação citada, todas devem ser devidamente definidas em consonância para o melhor resultado final, sem os quais a comunicação óptica poderá estar comprometida, e uma vez com problemas, a detecção dos mesmos é demorada e cara. Portanto, por que não fazer bem feito no começo?

Reinaldo Vignoli é Engenheiro Eletricista, formado pela PUC/MG em 1994, possui MBA em Gerenciamento de Projetos, especialista em Projetos de Infraestrutura Física de Redes e Professor Universitário. Vignoli também é consultor e projetista, ministra treinamentos técnicos de cabeamento estruturado e redes ópticas e é colaborador da norma de cabeamento estruturado ABNT NBR 14565:2013, além de produtor de conteúdo sobre cabeamento em mídias sociais.

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