Máximo possível ou Máximo provável? - ISPBLOG
Enviado em 03.05.2017

Máximo possível ou Máximo provável?

A técnica de máximo possível e provável, pode ser utilizada para o dimensionamento do seu backbone e dos ramais de atendimento de sua rede.

O que se deve levar em consideração na hora de projetar uma rede FTTx? Deve-se prever o atendimento de 100% das residências de um bairro? Ou deve-se estimar uma taxa de penetração para prever a quantidades de portas para se disponibilizar?

Para quem gosta de brincar com projeção de redes de FTTh, com certeza já deve ter passado por esta dúvida na hora de definir as premissas de seu projeto. Afinal, essa simples decisão implicará diretamente no custo de sua rede.

A idéia de máximo possível e máximo provável, são duas técnicas usadas na área de engenharia civil, mais especificamente na hidráulica, para dimensionar a tubulação da rede de água fria de uma edificação. A descrição em si da técnica de máximo possível e provável, para nós da área de Telecom, com certeza não irá interessar muito por hora, contudo, o título da idéia é bem interessante para se pensar e pode ser utilizada no momento do dimensionamento do seu backbone e dos ramais de atendimento de sua rede.

Máximo provável.

Para os provedores que já tem suas redes construídas e operando em uma cidade, é provável que tenham algum indicador que mostre o aproveitamento de sua rede em um bairro ou região específica. Um indicador muito usual para esta situação é a Taxa de Penetração, que seria a quantidade de casas atendidas em relação a quantidade total de casas do bairro (home-passed).

O resultado deste indicador, pode ser usado como parâmetro de quantidade de portas de atendimento que deverão ser abertas em um novo bairro onde se pretende lançar uma nova rede FTTx, que apresente características talvez próximas deste bairro já cabeado.

Suponha-se que a taxa de penetração de um determinado bairro que você atenda seja de 41%, e você deseja usar este indicador como meta ou premissa para um novo bairro. Logo, para cada 10 casas você deverá prever 4 portas, e para 20 casas, 8 portas de conexão.

Com esse numero, basta agora alfinetar em um mapa CTO com 8 portas a cada grupo de 20 casas, e assim elaborar toda a setorização de sua rede.

Máximo Possível

Como o próprio título sugere para esta premissa, deverá ser prevista uma porta de conexão para toda residência ou imóvel existente em um bairro ou região. Pode parecer bastante ousada esta idéia, ou de certo modo até impraticável, pois imagine quantidade de spliiters, OLTs e fusões necessárias para se construir uma rede com esta capacidade de atendimento.

Mas eis a grande sacada desta idéia. Por mais que o projetista prevê em projeto uma rede que atende 100% do seu home-passed, não quer dizer que ele tenha que construir 100% desta rede logo de início.

Esta técnica ela é muito eficiente para se dimensionar o backbone de sua rede. Como você está prevendo o Maximo possível de atendimento de seu bairro ou região, dificilmente você terá problemas a longo prazo com troca ou duplicação de backbone, que é uma pratica que muitos provedores enfrentam hoje por no passado lançarem seus backbones baseados no “achismo” ou mesmo sem uma previsão de longo prazo.

Máximo Possível e Construção da rede.

Como mencionado anteriormente, prever o máximo possível não significa que você tenha que construir toda sua rede de início. Em projeto, será comum ser previstos CTO com 16 e até mesmo 24 portas para suprir toda a cobertura da rede. Para uma CTO com 24 portas, que no caso seriam 3 splitters, você já sabe que precisará chegar nela com 3 fibras. De início, é claro que você irá instalar apenas 1 Splitter, mas saberá que sua rede estará estruturada para ampliações sem ter que re-lançar cabos.

Para que a técnica de Máximo possível tenha efeito, é importante que se elabore um projeto levando em consideração o home-passed de 100% de sua área de atuação.

Ao dimensionar um backbone utilizando a técnica de Máximo possível, você perceberá que quanto mais próximo o DC, maior deverá ser o cabo. Caso não ache interessante trabalhar com cabos muito grande – 48, 72 ou 144 fibras, poderá ser previsto o uso de Armários Bastidores para a descentralização de redes.

Nosso objetivo aqui não é dizer quais métodos são os mais corretos ou melhores de serem usados, estamos apresentando idéias que possam ajudar ou mesmo tirar alguma duvida no que diz respeito a projetos de redes FTTx. Nas redes que projeto, utilizo as duas técnicas juntas: Máximo possível – para dimensionar todo o backbone e redes de distribuição da rede, e máximo provável para saber o que deverá ser construído de início.

Fernando Junior, é Gestor de Projetos na empresa Visãonet Telecom onde trabalha há 10 anos na área de Telecom. É responsável pela projeção de mais de 450km de rede óptica e também atua na área de capacitação técnica.

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